61 anos do Dia Internacional de lua pela Eliminação da Discriminação Racial (21/03/1960-21/032021)
61 anos do Dia Internacional de lua pela Eliminação da Discriminação Racial (21/03/1960-21/03/2021)
Analia Santana
Nosso país é
fruto de quase quatrocentos anos de escravização dos povos negros em seu
território, escravizou também muitos povos indígenas e disso recorre a
sociedade racista e discriminatória que vivemos. A sociedade brasileira não reconhece
a diversidade étnica existente, e usa o racismo como forma perversa de
violência e exclusão.
A luta pela
eliminação da discriminação racial começou a muito tempo, mas um episódio triste
ocorrido na África do Sul, impulsionou às Nações Unidas a instituir o dia 21 de
março como Dia Internacional de Luta pela Eliminação da Discriminação Racial.
A África do
Sul e Estados Unidos são países que estruturaram uma política racista onde
pessoas negras sofreram as piores crueldades, aqui no Brasil não foi diferentes.
Lá ocorria o Apartheid no qual tinha a separação oficial, política entre
brancos e negros. Aqui isso ocorria e ocorre, mas de uma forma bem disfarçada
para negar o racismo ou a discriminação racial entre brancos, negros,
indígenas e outros povos. O que se chama de democracia racial, na verdade é o
racismo escamoteado, ou seja; nega-se o racismo para dizer que ele não existe,
contudo, o racismo estrutura todas as relações sociais, raciais, políticas e
culturais no Brasil.
Na Lei do
Passe de 1954, lá da África do Sul, exigia-se que todas as pessoas negras
daquele país eram obrigadas a portar uma caderneta que estava registrado onde a
pessoa poderia ir, sua etnia, sua cor, profissão e etc. Quem não portasse essa carteira para
apresentar às autoridades policiais, ou a pessoa negra que frequentasse o lugar
proibido era presa.
No dia 21 de
março de 1960, no bairro de Sharpeville na cidade de Johanesburgo, capital da África
do Sul, 20 mil pessoas negras foram às ruas para protestar contra a lei do Lei
do Passe, na qual a população negra sul-africana era obrigada pelo regime
político do Apartheid a usar a carteira que especificava os lugares que
poderiam frequentar.
Era um
protesto pacífico, ou seja, um protesto que todos buscam seus direitos em paz
sem uso da violência, mas o exército racista daquele país, atirou contra a
multidão de pessoas negras que protestavam. Os tiros mataram 68 pessoas e
feriram outras 186. Esse fato ficou conhecido mundialmente como o Massacre de Sharpeville.
Em memória a
luta antirracista daquelas pessoas que lutaram na África do Sul, em 1960, pela
luta contra a discriminação racial no mundo inteiro, a Organização das Nações
Unidas (ONU), instituiu em 1966, o dia 21 de março, como o Dia Internacional de
Luta pela Eliminação da discriminação Racial.
A ONU,
estruturou diretrizes que mostram como ocorre a discriminação racial no mundo,
a convenção internacional ressalta no seu artigo I que:
Nesta Convenção, a expressão
“discriminação racial” significará qualquer distinção, exclusão restrição ou
preferência baseadas em raça, cor, descendência ou origem nacional ou étnica
que tem por objetivo ou efeito anular ou restringir o reconhecimento, gozo ou
exercício num mesmo plano, (em igualdade de condição), de direitos humanos e
liberdades fundamentais no domínio político econômico, social, cultural ou em
qualquer outro domínio de vida pública (BRASIL, 1969, p.2)
Esse dia é lembrado no mundo inteiro, mas
poucas ações estão ocorrendo esse ano, por causa da Pandemia do COVID- 19 onde
o distanciamento social tem nos afastado de ações coletivas. Mas lives, vídeos,
rodas de conversas virtuais têm corroborado na discussão de ações de combate ao
racismo, porque essa luta é diária.
No Brasil e
no mundo, tem sido gritante os atos racistas e precisamos enfrentar essa
problemática de frente. O femininicídio de mulheres negras é alarmante, a morte
de jovens negros é estarrecedora, a desigualdade de renda, a falta de educação
de qualidade para a população negra e todas as desigualdades sociais nos coloca
como alvos das piores violências e as pessoas acham normal. Se pensarmos que a
cada 100 pessoas assassinadas no Brasil, 71 são negras. Não podemos nos calar,
denuncie o racismo.
Diga não ao
racismo, disque 100.
Referência
BRASIL, Fundação Cultural
Palmares. O massacre de Sharpeville e o Dia
Internacional contra a Discriminação Racial. S.d Disponível em: http://www.palmares.gov.br/?p=53647
Acesso: 21/03/2021
BRASIL, Presidência da
República. Casa Civil. A Convenção Internacional sobre a Eliminação de
todas as Formas de Discriminação Racial. Decreto nº
65.810, de 8 de dezembro de 1969.
Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto/1950-1969/D65810.html
. Acesso: 21/03 2021
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